As exportações brasileiras de arroz em grãos registraram um aumento de 155,6% no primeiro semestre de 2018, com mais de 302 mil toneladas embarcadas e uma receita de US$ 249 milhões e o grande destaque ficou por conta de uma alta de 1.602,9% nas vendas para a Venezuela, o principal mercado para o arroz brasileiro no exterior.
O país vizinho absorveu 36% de todo o arroz negociado pelo Brasil, com importações no total de US$ 90 milhões. Em igual período do ano passado, a Venezuela importou apenas 7.759 toneladas do Brasil. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Ao mesmo tempo em que aumentam de forma consistente as vendas para a Venezuela e outros países, os exportadores brasileiros de arroz terão como objetivo de curto e médio prazos a conquista de espaços no mercado da China, o maior produtor, importador e consumidor de arroz no mundo.
De janeiro a junho, o arroz respondeu por 0,22% das exportações totais do Brasil e por um percentual de 0,46% das vendas externas de produtos básicos. No período, o arroz ocupou a 67ª. posição no ranking dos embarques totais do Brasil para o exterior. No segundo semestre as vendas devem seguir em alta e a estimativa da Conab é de que totalizem 1,2 milhão de toneladas.
Mas existem estimativas ainda mais otimistas indicando que esse volume pode crescer para algo entre 1,5 milhão e 1,8 milhão de toneladas. No primeiro semestre, as exportações totalizaram 740 mil toneladas.
A alta nas exportações para a Venezuela foi a mais acentuada se comparada com todos os outros países que importam arroz do Brasil. Esse fotre aumento deveu-se, entre ouros fatores, a operações comerciais reveladas pelo jornal Folha de São Paulo, dando conta de que tradings internacionais que operam com várias commodities garantem o pagamento do produto brasileiro que é enviado para o país vizinho.
Essas tradings pagam os exportadores do Sul e recebem, em troca, petróleo venezuelano que é enviado para a China. Por isso, as vendas para a Venezuela estão aquecidas e devem totalizar 500 mil toneladas este ano, metade do total de 1 milhão de toneladas a serem importadas este ano pelo país caribenho.
Principais mercados
Mas o aumento das vendas externas não ficou restrito à Venezuela e elevações significativas foram registradas também nas compras realizadas por outros países. Cuba, por exemplo, aumentou em 73,9% para US$ 27,2 milhões as compras do arroz brasileiro, correspondentes a 11% de todo o volume embarcado. Da mesma forma, o Senegal também ampliou as compras em 16,3% para US$ 20,67 milhões (participação de 8,3% nas exportações), o Peru reduziu as compras em 1,8% para US$ 18,75 milhões (correspondentes a um percentual de 7,5% dos embarques) e a Nicarágua realizou importações no total de US$ 14,77 milhões (aumento de 119,3% e participação de 5,8% nas vendas externas do produto).
Outros importantes mercados para o arroz brasileiro foram Gâmbia (US$ 14,2 milhões e alta de 19,8%), Costa Rica (US$ 11,55 milhões) e Serra Leoa, com importações no total de US$ 11,52 milhões, apesar da queda de 10,8% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
O Rio Grande do Sul é, de longe, o maior produtor e exportador de arroz do país, com uma participação de 90,7% do total embarcado. Este ano, graças a um aumento de 151,7%, as empresas gaúchas obtiveram uma receita no montante de US$ 226 milhões com as vendas de arroz no exterior.
Depois do Rio Grande do Sul, os outros maiores exportadores de arroz foram Santa Catarina (US$ 11,86 milhões, com alta de 788,7% em relação ao primeiro semestre do ano passado e participação de 7,46% nas exportações nacionais do produto), Roraima (US$ 4 milhões, alta de 47,6% e participação de 1,6%), Rio de Janeiro (US$ 3,32 milhões e participação de 1,33% no total exportado) e Rondônia (US$ 2,07 milhões, aumento de 39,9%, com uma fatia de 0,83% nas vendas totais de arroz para o exterior).
China, o mercado futuro
À medida em que consolidam a conquista de mercados importantes, os exportadores brasileiros buscam identificar oportunidades de negócios para o produto brasileiro na China, numa iniciativa que envolve o governo brasileiro, através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) e o Projeto Brazilian Rice, implantado em parceria com a Apex-Brasil.
De acordo com Andressa Silva, “desde 2012 buscamos fazer um alinhamento com a Secretaria de Relações Internacionais do Mapa por conta do interesse no mercado chinês e tecnicamente houve diversas tentativas de abertura daquele mercado, sem sucesso. A partir dos encaminhamentos realizados nessa última missão À China, em meados do mês de maio, o tema foi levado a uma Comissão Bilateral Brasil-China, no âmbito da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), que envolve, além do arroz, soja, biotecnologia, carne bovina e de frango.”
A diretora da Abiarroz destacou ainda que durante a missão foi entregue às autoridades chinesas um relatório sobre o produto brasileiro visando obter os requisitos fitossanitários exigidos pelo governo de Pequim para que o produto possa se adequar e ser exportado para o mercado chinês. Segundo Andressa Silva, “os entraves burocráticos precisam ser vencidos para que possamos exportar o produto brasileiro para o país asiático e esse é, sem dúvida, um passo muito importante”.